É o fim do Século XVII. Um tempo de guerras e de exploração. Na Europa, Jaime II, o último dos reis Stuart, foi deposto pela Revolução Gloriosa. O novo rei, William, Príncipe de Orange, enfrenta revoltas Jacobitas na Irlanda e na Escócia e a guerra contra a França.
Embora a aventura se passe no Caribe, o que estava acontecendo no velho mundo pode dar ideias para as histórias dos investigadores e antagonistas, ou para flashbacks do passado.
O Velho Mundo
Londres
Londres é o centro de comércio e o maior porto da Inglaterra. O centro da cidade foi reconstruído de forma magnífica depois do grande incêndio de 1666. A linha do horizonte é marcada pelas Igrejas de sir Christopher Wren e pela cúpula semiacabada da Catedral de Saint Paul.
O comércio pulsa nas ruas, carroças dos comerciantes e carrinhos de mão dos vendedores de rua trepidam sobre os paralelepípedos das novas e largas ruas. O Tâmisa é ainda mais movimentado. Centenas de navios esperam sua vez de carregar e descarregar mercadorias. Atracados ao longo do cais do rio, formam uma floresta flutuante de mastros. Navios de dois e três mastros descarregam tabaco da Virgínia, açúcar da Jamaica e Barbados, bacalhau salgado da Nova Inglaterra e Terra Nova.
Wapping, o bairro ribeirinho entre os estaleiros navais e a Torre de Londres é o coração desse fluxo naval. Espremido entre os pântanos e o rio e as casa dos marujos e pobres e também bares, comerciantes, fabricantes de velas de navio, bordéis e pensões baratas. Piratas e desertores da marinha costumam ser enforcados no cais de Wapping, após um rápido julgamento no prédio das Cortes de Justiça. Seus corpos são deixados para apodrecer como uma aviso para possíveis marujos revoltosos.
A vida aqui é suja e perigosa. Penicos são esvaziados pela janela, estrume de cavalos se empilham nas ruas não calçadas. O fedor é insuportável e as doenças galopantes. As ruas fervilhavam de mendigos e órfãos.
Prisioneiros que não fossem condenados à pena capital, especialmente pequenos ladrões, poderiam acabar em um barco para as colônias, para servir como trabalhadores nas plantações da América ou do Caribe.
Bristol
Bristol é o porto mais importante no comércio com as Américas. Uma pequena cidade de vinte mil habitantes, cercadas por muralhas medievais. No centro, ao longo do cais, dezenas de navios ancoravam. Lojas e armazéns transbordavam com produtos vindos das colônias. De lá também partem os navios para a África, em busca de escravos para serem levados para as plantações de Barbados, da Jamaica e da Virgínia, de onde traziam o açúcar e tabaco.
Bristol é um local estranho para um porto. Fica a 11 quilômetros do mar, em um rio estreito e sinuoso, o Avon. Navios têm de esperar a maré baixar para sair do porto. Além dos muros da cidade, fica um pântano fedorento e misterioso.
As ruas são estreitas e sujas, conservando o caráter medieval da cidade. Apenas a rua principal é pavimentada e larga o suficiente para duas carroças passarem lado a lado. Ladrões e trambiqueiros são figuras comuns nas estalagens e pubs de Bristol, além de marujos esperando por partir e retornar ao mar.
A fama da cidade não é boa. Seu porto também atrai piratas e bucaneiros. E além do açúcar e tabaco vindo do novo mundo, foi o vil comércio de escravos que fez a fortuna de muitos de seus cidadãos.
Essa parte é mais histórica, só para quem quiser um background rápido do que estava acontecendo na Inglaterra nessa época e dos colonos que acabaram emigrando para o Novo Mundo.
Guerra Civil e Revolução Gloriosa
Desde 1640 a Inglaterra vive em ebulição. Uma guerra civil entre o Rei e o Parlamento levou à decapitação do Rei Carlos I, da linhagem Stuart, em 1649. Existem diferenças entre os protestantes e católicos. Com a decapitação do rei, o líder protestante, Oliver Cromwell, se tornou um ditador militar.
Com a morte de Cromwell, em 1660, a monarquia foi restaurada com Carlos II, filho do rei decapitado, agora limitado por um Parlamento com maiores poderes que o Rei.
Em 1688, o último rei Stuart, Jaime II, foi deposto pela Revolução Gloriosa. Alguns partidários dos reis Stuart ainda existiam na Escócia, especialmente nas Highlands, eles foram chamados de Jacobitas.
O jogo se passa nessa época, em que no novo mundo se vivia a Era de Ouro da Pirataria. Por anos, a atenção da Inglaterra estivera voltada para seus problemas internos e, graças a isso, as colônias caribenhas tinham uma liberdade maior.
Puritanos
Os Puritanos defendiam ideais elevados de integridade e serviço à comunidade. Seus pregadores ensinavam uma doutrina de igualdade espiritual: um homem bom era tão bom quanto o outro, e melhor do que um nobre, um bispo ou um rei iníquo.
No continente, a causa de Deus estava sendo posta em risco pelo avanço do catolicismo. Na Inglaterra, a Igreja estava corrompida pelos bispos e os tempos estavam fora de sintonia. O sermão dirigia-se à compreensão das pessoas e não às suas emoções, ao contrário dos hinos e rituais da Igreja.
O puritanismo forneceu uma vontade e espírito de luta. Boa parte dos imigrantes ingleses para o novo mundo eram protestantes.
“Para todo indivíduo na natureza é dada a propriedade individual por natureza, e não para ser invadida ou usurpada por alguém. Para todos da mesma forma que para si mesmo, logo ele possui auto-propriedade, pois de outra forma não poderia ser ele mesmo; e, por isso, nenhum terceiro deve presumir privar alguém de sua propriedade sem uma violação manifesta ou afronta aos vários princípios da natureza e a todas as regras de equidade e justiça entre os homens”
Richard Overton, “Uma Flecha contra Todos os Tiranos”, 1646.
Os Levellers (Niveladores, Igualitários) eram radicais que defendiam que o Parlamento deveria ser representante do povo, formado pelos ingleses livres. Eram pequenos proprietários, fazendeiros e artesãos.
Formavam o cerne do Novo Exército Modelo de Cromwell. Após a guerra, seus líderes foram presos, o Exército foi enviado para conquistar a Irlanda e muitos dos Levellers foram expulsos para as novas colônias.
“Liberdade verdadeira existe quando um homem recebe seu alimento e sua subsistência, e isto está no uso da terra”.
Gerrard Winstanley
Os Diggers eram ainda mais radicais. Defendiam os direitos comunais e queriam a abolição do trabalho assalariado.
O medo desses agitadores e de um levante social fez a pequena nobreza apoiar o retorno do rei, em 1660. A restauração garantia a ordem, a propriedade e a estabilidade social.
Com a volta do Rei, os radicais e agitadores, foram suprimidos violentamente. Mas no Novo Mundo suas ideias contestadoras encontraram um espaço onde a lei real era muito fraca para ser imposta.
Jacobitas
Jaime II era um partidário do Absolutismo e um rei Católico em um país protestante. Os nobres e o Parlamento temiam que ele se aliasse a França e ao Papa para impor o absolutismo real na Inglaterra.
Assim, em 1688, o último dos Reis Stuart foi expulso do trono pela Revolução Gloriosa. Como novo Rei foi proclamado o Príncipe de Orange, o holandês William III, junto com sua esposa, a Rainha Mary, sobrinha do velho Rei Carlos I. Em 1689, o novo rei aceitava a Carta de Direitos, dando o poder ao Parlamento.
Os partidários de Jaime II, os Jacobitas, fizeram levantes na Escócia e Irlanda, lutando com o apoio Francês.
Enquanto isso, no novo mundo, a guerra entre Franceses e Ingleses foi travada na Nova Inglaterra, no Quebec e no Caribe.
Nice blog thanks for postiing
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