Essa segunda parte do review do Genesys vai tratar das regras específicas para cenários e a caixa-de-ferramentas do Mestre de Jogo, com várias dicas de como customizar as regras e fazer uma aventura usando o sistema.
A primeira parte do livro básico do Genesys apresentou as regras genéricas do sistema baseado no RPG Fronteiras do Império e suas diferenças com a sua versão mais conhecida.
A segunda parte do livro, começa com uma pequena explicação sobre como apresentar um cenário para os jogadores usando uma ficha de jogo de uma página para dar uma ideia do tipo de cenário, da trama, dos temas que serão utilizados e aqueles que serão excluídos e das principais facções e personalidades do jogo, além das espécies e perícias que serão utilizadas.
São seis os cenários apresentados, ou melhor, as estruturas de campanha:
- Fantasia
- Steampunk
- Weird War
- Era moderna
- Ficção Científica
- Space Opera
A verdade é que usando o livro básico e uma das estruturas não é tão simples construir uma campanha do Genesys. As estruturas não tem elementos suficientes para você pegar e jogar. Genesys é realmente um sistema genérico, no sentido de que não vem com um mundo pronto ou mesmo com as regras já postas facilmente. Ele é, isso sim, um sistema altamente customizável.
A questão é que nos capítulos de cada cenário você não tem informações específicas para construir o seu jogo. São mais dicas de modelos (tropes) que podem ser adotados. Como se fosse um capítulo do narrador explicando o que normalmente existe em um cenário naquele estilo (como monstros, magia, buscas, luta entre o bem e o mal, elementos históricos familiares no caso de um cenário de Fantasia). E também uma discussão sobre os diferentes tipos de fantasia (alta e baixa fantasia, espada e magia, fantasia contemporânea.
Só depois disso, que já usa praticamente metade do espaço de cada capítulo, é que se trata de opções de regras específicas para cada cenário. De volta a fantasia, você tem regras sobre elfos, anões e orcs, uma tabela com armas e armaduras medievais mais comuns, e uma meia-dúzia de exemplos de adversários. Essa estrutura incompleta se repete nos demais cenários e é a maior fraqueza do livro.
A terceira parte do livro é o Kit de Ferramentas do GM e ele dá dicas de como customizar as regras e criar suas próprias perícias, arquétipos, talentos, item e adversários. Além disso, apresenta regras específicas, de magia, veículos e hacking. As regras de magia são muito bem feitas. As de veículos não diferem muito do que já existe no Star Wars.
Genesys é um sistema genérico no sentido de que você vai ter de ter o trabalho de fazer o seu cenário ou então pode adotar um dos livros de regras e cenários que a FFG vai lançar.
O primeiro desses cenários-regras já foi lançado: O Realms of Terrinoth, que apresenta o mundo de fantasia medieval baseado nos jogos de tabuleiro da FFG.
O cenário em si do Realms é uma fantasia bem genérica. Apenas 1/3 do Realms of Terrinoth é a parte das regras, mas com essa parte do livro você já tem tudo que precisa para criar qualquer cenário medieval. Ou seja, a força do Genesys vem quando você usa o livro básico junto com o cenário para criar a sua própria ambientação.
Meu teste foi criar uma versão Genesys de Yggdrasill, o RPG nórdico da New Order, cujo cenário eu adoro, para meu grupo que adora as regras da FFG e já está acostumado com o sistema.
E também de adaptar Coriolis, um RPG espacial com um cenário bem diferente, mistura de Firefly com Duna. Inicialmente eu queria usar o Genesys para adaptar o RPG de Firefly, que usa as regras do Cortex Plus, que eu não sou muito fã, mas fiquei empolgado ao ler Coriolis.
Adaptar um RPG de fantasia foi bem mais fácil – usando as regras existentes no Realms of Terrinoth – do que adaptar Coriolis, especialmente porque o sistema ainda não tem regras de psionics. As regras de Magia do Genesys são facilmente adaptáveis para outros modelos.
Imagino que, no futuro, quando lançarem os demais suplementos, como o de ficção científica (que vai ser baseado no jogo de tabuleiro Twilight Imperium), vai ser bem mais fácil criar cenários de space opera ou outros estilos de cenários.
Por enquanto, uma das coisas que facilita é que o fórum da FFG de Genesys é bem movimentado, com vários exemplos de cenários já criados – o melhor deles é um baseado em Dark Heresy. E também uma lista de Talents, que contém todos os talentos dos livros de Star Wars adaptados para o Genesys.
Concluindo, o Genesys é um sistema para quem já gosta do estilo narrativo de dados usado no Star Wars FFG. Infelizmente, o mais provável é que nunca vá ser lançado no Brasil, já que depende da Galápagos, o que limita ainda mais sua atratividade aos grupos que estão acostumados com o inglês (bem difícil quando existem outros sistemas genéricos muito bons no mercado e em português).
Tem um gerador de ficha online para o Genesys neste endereço: Genesys Emporium
Ótima resenha!
Eu já gosto do Star Wars da FFG, então tem tudo para eu gostar do Genesys. Não sou muito fã de fantasia medieval, por isso vou deixar o Realms of Terrinoth de lado, mas vou colocar o Twilight Imperium na minha lista de desejos.
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Vale muito a pena para quem gosta do sistema do Star Wars. O próximo suplemento a sair parece que vai ser o Android, cyberpunk e sci fi hard, baseado no card game.
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Para mim e um grupo de amigos que jogam/narram em um cenário compartilhado, é sempre maravilhoso descobrir novas opções do sistema Genesys. Obrigado pelo artigo.
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Valeu! Que bom que gostou! O Genesys se tornou meu sistema genérico favorito.
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