Reign of Terror poderia se chamar Cthulhu & Guilhotina. É uma aventura para Chamado de Cthulhu que se passa na época da Revolução Francesa.
O livro começa com uma introdução dizendo como integrar o cenário como um interlúdio de uma Campanha de Horror in the Orient Express. Isso porque originalmente o cenário Reign of Terror foi fruto do kickstarter da caixa de Horror in the Orient Express. Era inicialmente parte de uma meta extra de uma sessão de jogo exclusiva para um dos níveis de apoiadores. Depois os 4 sortudos que jogaram essa sessão em um vagão de trem permitiram que ela fosse lançada para o público em geral.
Embora esteja interligada com a campanha de Horror on the Oriente Express, Reign of Terror pode ser jogada isoladamente – em umas três ou quatro sessões de jogo. Ou servir como início para uma campanha que se passe na época da Revolução Francesa. O capítulo final dá várias ideias de jogo que permitem continuar a campanha.
A aventura é dividida em duas partes: uma que se passa durante a fase inicial da Revolução e a outro, alguns anos depois, na época do Terror, quando as guilhotinas cortavam a cabeça dos inimigos da Revolução.
Os personagens prontos da campanha são soldados do exército francês, cujas preferências políticas se dividem entre monarquistas e revolucionários (por isso, o livro sugere que eles sejam incluídos nessa ordem para manter o equilíbrio entre as duas posições políticas):
- Sargento Renault, um sargento veterano e o líder do grupo.
- Beaumains, um idealista.
- Dupois, um velho e bêbado soldado.
- Pressi, um jovem romântico soldado.
- Babin, o porta-estandarte do regimento e um bon vivant.
- Hugel, responsável pelas provisões (estoques) do regimento.
A campanha se divide em duas partes. A primeira parte se passa 1789, em meio à Revolução Francesa. É uma época de fome, miséria e insatisfação. O povo está insatisfeito e panfletos revolucionários se espalham pelas ruas de Paris.
Um horrendo assassinato em uma gráfica parisiense lança os jogadores em uma investigação que os levará das ruas de Paris até o Palácio de Versalhes e residências aristocráticas.
A trama se divide na investigação dos assassinatos (que, no único ponto fraco da trama, é bem direta e pouco sutil) e cenas que devem se passar durante a revolução, no Palácio de Versalhes e na tomada da Bastilha (e que estão meio que lançadas na trama apenas porque é legal).
A segunda parte se passa em 1794, cinco anos depois dos eventos do primeiro capítulo. O Guardião pode dar um salto direto para essa segunda parte ou pode utilizar as ideias de aventuras do último capítulo para transformar Reign of Terror em uma campanha durante a Revolução Francesa.
Em pleno Terror, quando os revolucionários cortavam as cabeças de todos que consideravam inimigos, os soldados-investigadores devem lidar com as consequências do que ocorreu durante 1789.
Não dá para entrar em detalhes para evitar spoilers, mas alguns eventos que aconteceram na primeira parte agora servem para envolver os personagens e os levarão de volta à alguns dos lugares visitados anteriormente. Essa parte é mais interessante e parece ser mais aberta do que o primeiro capítulo.
O impressionante no livro são as imagens e os mapas. Os mapas de Paris em 1789 e 1794 são muito bons. Os Apêndices trazem a lista de NPCs, uma linha do tempo bem completa da Revolução, uma boa bibliografia com sugestão de livros e filmes e o mais interessante: uma lista de ocupações para os investigadores da época.
Entre as ocupações estão Clérigo, Criminoso, Médico, Mercante, Nobre, Peão, Policial, Sans-culotte (os revolucionários), Soldado e Espião. Além disso, explica a divisão entre as classes sociais, rendas e preços de mercadorias.
Como já mencionado, o livro termina com uma série de ideias de aventura, que são muito boas. O título de uma delas já dá uma ideia do que encontrar em Reign of Terror: “A Coisa na Bastilha”. Usando os cenários é possível ter uma campanha que se passe entre 1789 e 1794, o auge da Revolução Francesa. É uma ambientação genial para um jogo de Cthulhu. A decadência dos nobres, a insatisfação popular e Cthulhu – quem assistiu o filme Pacto dos Lobos sabe que isso é matéria para um bom jogo!
Em suma, Reign of Terror traz uma ambientação muito bem construída, embora a aventura inicial seja linear. Mas a ambientação, os mapas, as idéias de aventuras e a aventura final fazem esse suplemento valer muito a pena para quem gosta de ambientar seus jogos em períodos diferentes.