A nova edição do Império Esmeralda funciona como o livro de cenário da Quinta Edição de Legend of Five Rings.
A comparação inevitável é com o livro de mesmo nome da 4a edição. Tem uma vantagem e uma desvantagem clara em relação a edição anterior:
- O novo livro se divide em sete capítulos, sempre com um tema principal e algumas vezes um outro tema secundário relacionado, o que acaba atrapalhando um pouco quando você quer buscar uma informação em particular. Nesse ponto, o livro antigo, dividido em mais capítulos, era mais objetivo e melhor organizado. Alguns dos temas secundários mereciam um capítulo próprio.
- Por outro lado, uma coisa legal é que a parte de regras foi concentrada em um só capítulo, o que – nesse ponto – facilita a procura por novas regras.
Os sete capítulos e os temas principais e secundários tratados são:
Capítulo | 5a Edição |
Introdução | História de Rokugan |
1. Centros de Poder | Castelos – Diplomacia e exércitos |
2. Centros de Comércio | Cidades e portos – Crime e castigo |
3. Coração do Império | Campo e vilas – Estradas, postos de parada e rios |
4. Espaços Sagrados | Templos – Conhecimentos proibidos |
5. Caminhos para a Iluminação | Shinseismo |
6. Regiões Selvagens | Florestas e ermos do Império |
7. Regras | Famílias Imperiais – novas Escolas – novas Vantagens e Desvantagens – novos Títulos |
Centros de Poder
O primeiro capítulo trata dos castelos rokugani e seus habitantes, os samurais e serviçais. O capítulo descreve posições importantes dos habitantes de um castelo, como embaixadores, senescal (Karo), vassalos pessoais dos daimyos (Hatamoto), artesãos e senseis.
A parte mais interessante é a explicação sobre o dia-a-dia do bushi, do artesão, do estudante e do serviçal nos castelos, com suas rotinas desde a hora em que acordam até o fim do dia. Vale a pena a leitura por todos os jogadores.

Além disso são descritos os elementos de um castelo, como a torre principal, muralhas, torres de defesa, alojamentos dos samurais, dojo, casa de convidados, jardins e estábulos.
Em sequência, breves descrições de cinco castelos, com ideias de aventuras e um npc importante de cada. Esse padrão de mostrar cinco exemplos de cada assunto é seguido em todos os demais capítulos. Cada um dos castelos tem mais ou menos duas páginas sobre ele, o que não permite desenvolver muito bem os elementos particulares de cada castelo, mas serve para dar uma ideia geral. Os cinco castelos são: Toshi Ranbo, Kyuden Bayushi, Kyuden Doji, Palácio Imperial e Kyuden Gotei.
O capítulo fecha com uma seção sobre diplomacia e exércitos em rokugan. Essa parte é curta e superficial mesmo, infelizmente. Deveria ser um capítulo inteiro, pelo menos. Para mais informações, provavelmente vamos ter de esperar pelos livros sobre Cortes de Inverno e sobre Guerras.
Centros de Comércio
O segundo capítulo é sobre as cidades e portos rokuganis. A primeira informação é que existem dois tipos de cidades em Rokugan – cities e towns (uma diferença de nome que não existe em português, já que a gente chama tudo de cidade mesmo):
- uma cidade grande (city) tem mais de 10 mil habitantes e um governador apontado pelo Imperador;
- uma cidade pequena (town) tem de algumas centenas a menos de 10 mil habitantes e são governadas por um magistrado de Clã ou lordes samurais indicados pelo Daimyo. São bem mais numerosas e servem como pólos regionais de comércio.

São cinco as cidades a que o livro dedica uma ou duas páginas: Otosan Uchi, Ryoko Owari Toshi, Khanbulak, Gotei City Port District e City of the Rich Frog. Khanbulak é a mais interessante, por ser bem diferente, e a Cidade das Mentiras (Ryoko Owari) continua sendo uma das mais legais para ser um centro de aventura, mesmo em uma breve descrição.
O capítulo concluí com uma seção sobre Crime e Castigo, que fala sobre os Magistrados Imperiais e dos Clãs e seus auxiliares. E explica também o funcionamento da justiça rokugani, com a importância absoluta do testemunho e as categorias de ofensas e punições, desde os crimes leves até os mais graves. O tema é muito legal e, mais uma vez, merecia um capítulo próprio.
Vilas e campos

O capítulo sobre as vilas e estradas descreve os perigos que rondam os pequenos vilarejos rokugani, como o clima, desastres naturais e guerra. Depois descreve aspectos da vida rural, como os principais produtos plantados em rokugan e o que se pode encontrar em um vilarejo.
A maioria das vilas não vê um samurai regularmente, pois estes preferem viver nas cidades. Os camponeses costumam encontrar samurais que estejam viajando entre duas cidades ou magistrados que chegam para coletar os tributos da aldeia.

As estradas de Rokugan são pontilhadas por estações de parada que servem aos viajantes oficiais, além de funcionarem como postos de controle para mercadorias e viajantes. Essas paradas são maiores do que uma mera estalagem e possuem várias comodidades para os samurais. Existem também estações não-oficiais, que servem como um ponto de descanso para viajantes sem autorização e atraem elementos mais perigosos, como ronins. Ambas são um bom ponto de encontro em uma campanha, um local em que o grupo pode encontrar outros viajantes e novos mistérios.
Espaços Sagrados
Uma boa explicação da cosmografia de Rokugan, com a interação entre o reino físico (Ningen-dô) e os outros reinos situados acima (Tengoku e Yomi), ao lado (Senkyo – o reino encantado) ou abaixo (Jigoku, Meido, Toshigoku), de Rokugan.

As principais Fortunas e Festivais tem uma descrição bem menos completa do que no livro da 4a Edição, se bem me lembro.
A parte mais interessante é quando o capítulo entre em detalhes e explica os elementos de um templo, a organização, a vida nos templos e a religiosidade dos rokuganis.
Para variar, são brevemente descritos alguns templos específicos.
Caminhos para a Iluminação

O tema aqui é o Shinseismo, a outra crença religiosa de Rokugan. O capítulo começa com a história, os ensinamentos e a lenda de Shinsei, o Pequeno Professor. Shinsei era um filósofo, um herói e – na interpretação herética – uma divindade.
Os monges da Irmandade de Shinsei seguem os ensinamentos do Tao de Shinsei, passados quando o mestre conversou com o primeiro Imperador. A Irmandade de Shinsei é composta por várias ordens de monges, cada qual com sua perspectiva. Tanto samurais quanto heimin podem se tornar monges, mas os primeiros acabam ocupando as posições mais importantes nas ordens, com exceção da Seita da Terra Perfeita e sua visão populista e herética.

Os monges cultivam alimentos e muitas vezes fazem sua própria bebida. Os templos e monastérios servem como abrigo e defesa, além de serem centros de conhecimento. O capítulo descreve muito bem a vida monástica e descreve alguns templos e monastérios, com vários ganchos de aventura.
Regiões Selvagens de Rokugan
O último capítulo trata das montanhas, florestas e costas selvagens de Rokugan e os perigos e ruínas que podem ser encontradas nelas. Algumas ideias de encontros de viagem em regiões ermas.
Novas Opções para os Jogadores
O último capítulo é a parte das regras. É uma ótima ideia ver as regras concentradas no final do livro em vez de espalhadas a cada capítulo, diferentemente da edição anterior.
Finalmente, são apresentadas as Famílias Imperiais e suas escolas, além de duas escolas de monges e duas escolas não-samurais. São essas as novas escolas:
- Miya Cartographer School [Artisan, Courtier]
- Miya Herald School [Courtier]
- Otomo Schemer School [Courtier]
- Seppun Astrologer School [Shugenja, Artisan]
- Seppun Palace Guard School [Bushi]
- Fortunist Monk Order [Monk]
- Shinseist Monk Order [Monk]
- Kitsune Impersonator Tradition [Courtier, Shugenja]
- Kolat Saboteur Conspiracy [Shinobi]
O capítulo também traz novas vantagens e desvantagens, o que é bem útil, para aumentar a lista do básico, que era um pouco limitada. Acho que vale a pena até imprimir e mostrar aos jogadores junto com o livro básico quando eles forem criar os personagens. São elas:
- Distinctions
- Animal Trainer (Water)
- Criminal Connections (Air)
- Expert Tracker (Air)
- Friend of the Brotherhood (Void)
- Hero of Village (Fire)
- Kuge Lineage (Earth)
- Spiritual Protector (Void)
- Well Connected (Water)
- Passions
- Bonsai (Air)
- City {choose one} (Water)
- Gourmet (Water)
- Military History (Earth)
- Navigator (Fire)
- Researcher (Air)
- Rock Gardening (Void)
- Adversities
- Adopted Peasant (Fire)
- Allergy {choose one} (Air)
- Cursed Lineage (Void)
- Despised in {City} (Water)
- Hunted by Chikushō-dō (Earth)
- Skepticism (Void)
- Anxieties
- Accustomed to Luxury (Earth)
- Claustrophobia (Water)
- False Identity (Air)
- Loathing for Peasants (Water)
- Loneliness (Void)
Duas novas técnicas – uma do Kolat e outra para Imperiais – e vários títulos adicionais fecham o capítulo. Os títulos são um aspecto bem interessante da nova versão, já que eles abrem uma nova linha de evolução do PC, com outras perícias e técnicas que ele pode escolher em paralelo com a evolução na escola. Já que eu estou listando tudo para facilitar, lá vão os títulos:
- Advisor
- Clan Magistrate
- Daimyo
- Gunso
- Monastic Acolyte
- Priest
- Spy
- Yojimbo
- Yoriki
Conclusão
Na comparação entre os dois livros, eu realmente preferi o livro da 4a edição, que me parece ser mais completo e melhor organizado. A divisão dos capítulos foi o fator determinante aqui para eu preferir o livro antigo à esta nova edição. Também achei meio cansativo cada capítulo ter a mesma estrutura de apresentar muito brevemente cinco exemplos, sem se aprofundar em nenhum.
Mas, tirando essa comparação, o livro é muito bom em passar uma imagem de Rokugan. Ele traz algumas novas visões sobre o cenário que são interessantes. Em vez de um guia de referência para ser olhado sempre, ele funciona mais como um livro para inspirações sobre o cenário.
Já para quem começou a acompanhar Legend a partir da nova edição da FFG, o livro é imprescindível, apesar de não ser tão completo. Ele está bem em linha com a visão da FFG do cenário, que parece ter incorporado mais o drama samurai.