No caminho no campo desolado
Sua voz melodiosa ressoa no ar da manhã
As sombras se abriram
O ronin acordou de seu sonho e cuspiu sangue. O homem barbudo riu. “Ainda não é hora de morrer, samurai-sama. Eu mal comecei meu trabalho e o Magistrado-sama não vai ficar contente se você não abrir o bico”. O gosto em sua boca era amargo e queimava. Ele se contorceu, sem controle de seu corpo. Seus olhos se fecharam e ele viu escuridão e fogo. Dois olhos malignos se abriram. Aoki, me perdoe por não te encontrar novamente. A imagem e a doce voz veio a sua mente. O ronin gritou.
Barako pareceu surpreso e virou-se para seu filho, Eiko. “Vá lá fora, chamar o samurai. O prisioneiro morreu. Ele não vai ficar contente”. Eiko saiu da sala de tortura e Barako se virou para examinar o segundo prisioneiro. Também morto. Aquilo era muito irregular. Barako se considerava um artirsta e raramente seus prisioneiros morriam antes de confessarem seus crimes. Então ele ouviu um barulho atrás dele. Talvez o prisioneiro não estivesse morto… ainda, pensou, alegre. Virou-se e viu o ronin o encarando, a boca aberta em agonia. Foi a última coisa que o torturador viu.
Incidente no Quarteirão dos Etas
Após o incidente no Santuário do Espírito do Salgueiro, os dois prisioneiros capturados se recusam a falar com o Magistrado Esmeralda Shinjo Inyou. O yoriki Akoda Kaneda, um dos antigos yorikis do Magistrado Esmeralda anterior, lembra a Shinjo que o Magistrado anterior usava os serviços de um torturador eta. Shinjo ordena que o yoriki leve os dois prisioneiros para um interrogatório nas mãos de Barako, o torturador, que fica no Quarteirão dos Eta.
Hiruma Kyuzo, com a ajuda de seu cachorro, segue as pistas encontradas no Santuário – um frasco quebrado no meio das árvores – até uma das pontes sobre o rio menor. Em um dos cais da margem, ele perde a trilha e retorna para a Residência do Magistrado Esmeralda.
Pouco antes do amanhecer, Okio, filho do torturador, corre até a Residência do Magistrado e avisa que algo horrível aconteceu na casa de seu pai. Os dois prisioneiros passaram mal logo no início da tortura e morreram. Barako só havia começado a torturar o primeiro deles. Okio avisou o samurai que estava lá – Akodo – e este sacou sua espada e mandou que ele esperasse do lado de fora, entrando no quarto. Okio ouviu gritos e barulho e depois silêncio. Nenhum dos etas teve coragem de entrar na residência.

Após vestirem suas armaduras, o Magistrado, seu yoriki Kitsu Shin e os dois yojimbos seguem para o Quarteirão Eta. Após passarem o muro que leva ao bairro recluso, eles sobem as ladeiras até o penhasco e chegam a residência do torturador. Vários etas olham do lado de fora, sem coragem de entrar. Hida manda que o jovem Okio entre na frente e os guie. A casa tem dois andares. O térreo está vazio e silencioso. Hiruma fica guardando o local, enquanto os outros sobem para o segundo andar, saindo em uma sala ampla com instrumentos de ferreiro e de tortura e uma fornalha.
O local de tortura fica em uma pequena caverna no contraforte da montanha, com a entrada no fundo da sala do segundo andar. A porta está entreaberta e lá dentro há apenas escuridão. Kitsu acende uma lanterna e eles seguem, com Hida a frente. Um pequeno corredor escavado na montanha, leva a duas celas vazias à esquerda e a uma sala de tortura ao fundo, na direita. A porta dessa sala também está entreaberta. Quando Hida entra, vê o corpo de Akodo caído de bruços, espada sacada, e o corpo do ronin arqueiro, ao seu lado. Antes que possa examinar melhor a cena, ele sente um movimento ao seu lado e vê o outro ronin avançar contra ele com o olhar de um morto-vivo. Ele saca sua espada e ataca. Shinjo toma posição ao lado dele. Os dois conseguem bloquear o avanço do zumbi.
Kitsu invoca os kamis e consegue conter o zumbi, mas percebe que o outro ronin que estava caído ao lado de Akodo se levanta, sua cabeça quase pendente após um golpe dado pelo leão antes de morrer. Hiruma, lá embaixo, ouve o barulho e sobe correndo, chegando a tempo de atacar o segundo zumbi antes que esse morda o magistrado, dando tempo para que Kitsu erga uma barreira de proteção espiritual para o magistrado e mande que as criaturas do Jigoku se afastem. Os dois mortos-vivos são destruídos pelos samurais.
O Magistrado ordena que seja feita uma limpeza espiritual do lugar e que os zumbis sejam queimados. O corpo de Akodo deve ser levado para ser purificado pelos sacerdotes Kuni antes da cremação.
Gritos assustam os pássaros
A flecha partida não volta à aljava
O úmido solo se tinge de vermelho.
Examinando, sem tocar, o corpo do zumbi, Hiruma sente um cheiro estranho, que já sentira do outro lado da Muralha e percebe que os ronins foram envenenados com alguma bebida, antes do ataque no Santuário.
Kitsu, observando o arqueiro, consegue identificar alguns detalhes e chega a conclusão de que ele era um ronin, mas que fora treinado como um samurai no clã menor da Vespa, a família Tsuruchi, conhecida por sua habilidade com arcos. Os chapéus usados pelos ronins os identificam como uma gangue ronin, conhecida como Chapéus-de-Palha. Depois, lendo novamente os poemas, ele considera que a mulher a quem são dedicados, Aori, deve ser uma gueixa.
Conversa na Residência de Madame Geiko
Hida Nori e Hiruma Kyuzo procuram por alguém que conheça melhor as gueixas da cidade, o cortesão Asahina Hokusai. O encontram na hospedaria A Fortuna Feliz, na Rua das Estalagens, enquanto que ele pinta um quadro da vista de sua janela de um dos cais da cidade. Ele diz que conhece a gueixa Aori, que ela trabalha na Residência de Madame Geiko, a melhor casa de chá da cidade, no Quarteirão da Rocha e se propõe a levá-los lá ao anoitecer.
Hida e Hiruma mostram o frasco quebrado encontrado no Santuário do Kami e o poema do ronin. Asahina pede para ficar com o frasco em busca de inspiração para sua pinturas. Ao anoitecer, ele visita a residência do Magistrado, oferecendo a Shinjo uma pintura que retrata o combate dos samurais contra os zumbis.
Asahina é bem recebido no portão da casa de chá, onde todos o conhecem como Muso-ka. Eles são recepcionados pela famosa Dama Akemi, uma amiga de Asahina. Ela apresenta Aori. Enquanto conversam, Hiruma mostra o copo de saquê do ronin misterioso e Aori não consegue disfarçar sua reação. Ela convida os dois samurais do caranguejo para escutarem sua música em um ambiente mais reservado, em seu quarto no segundo andar.

Após fechar as portas para a varanda, ela disfarça tocando um pouco de música. Parecendo satisfeita com sua atuação e segura de que não estão sendo escutados, ela finalmente conversa com os dois Caranguejos. Seu sentimento pelo ronin, que ela diz se chamar Sadatoshi, é indisfarçável apesar de toda sua habilidade. Sadatoshi gostava de poesia e de livros.
Inquirida, ela se recorda que a última vez que o encontrou ele lhe ofereceu um presente caro – uma bela caixa de joia com ouro e pérolas, que ela mostra aos dois samurais. Segundo Sadatoshi, ele havia conseguido um serviço que iria pagar bem de uma mulher. Aori não chegou a conhecer a mulher que contratou o ronin, mas se lembra que ele a descreveu como uma mulher estranha com uma cicatriz no rosto.
Ela sabe que os Chapéus-de-Palha se reúnem em uma casa de jogos na Rua Sinuosa chamada O Porto Seguro. Hiruma deixa com ela o poema escrito pelo ronin e eles partem para a Rua Sinuosa, em busca de mais informações.
Em busca da feiticeira
Na Rua Sinuosa, Hiruma vigia a entrada da casa de jogos, enquanto Hida entra e conversa com o balconista. Este se recorda da mulher com a cicatriz no rosto que falou com Sadatoshi e alguns outros Chapéus-de-Palha. Ele aponta para dois outros chapéus-de-palha que jogam dados em uma mesa e diz que eles podem ter mais informações.
Hida joga com eles e extraí mais algumas informações. A mulher contratou Sadatoshi e alguns outros ronins do grupo. Ela pagava bem, mas era estranha. Ela ofereceu uma garrafa de sochi – uma espécie de saquê mais forte – para comemorar o acordo. Um dos marujos na mesa de jogo diz que viu a mulher com cicatriz no rosto no porto. O marujo acha que ela deve estar hospedada em uma das estalagens baratas perto do porto.
Kitsu resolve que não pode esperar pelos dois yojimbos e que precisa de mais informações. Ele conversa com Chiemi e resolve falar com o avô dela. Pede que o outro yoriki, Yogo, cuida da Residência e proteja o Magistrado. Vestindo uma capa para se disfarçar, ele segue para o Bairro do Arsenal, do outro lado da cidade. No caminho, perto do Grande Templo de Daikoku, percebe que está sendo seguido. Ele despista o perseguidor no Santuário do Salgueiro. Observa que quem o segue é um samurai disfarçado, alguém do Caranguejo pelo estilo e jeito.
Depois de confirmar que não está mais sendo seguido, Kitsu encontra a residência dos parentes de Chiemi, em que seu avô Toru se hospeda, perto dos muros do Arsenal. O velho camponês fica feliz em saber que sua neta está bem e agradece ao samurai.
Kitsu consegue informações sobre as minas de ferro da província de Ishibei. Segundo o velho Toru, o Magistrado Esmeralda anterior esteve na vila dos Sete Pedregulhos para investigar a mina de ferro de lá. E depois visitou Shiro Takeuchi, a fortaleza da família Takeuchi nas Montanhas do Crepúsculo. O Magistrado morreu quando voltava para Sunda Mizu Mura. Pouco depois, sua neta, que trabalha como serviçal da esposa do herdeiro, pediu para que ele a levasse até a cidade. Quando chegaram, ela pediu que ele entregasse a carta na residência do magistrado. Ele achou melhor pedir a um garoto que o fizesse, enquanto observava de longe. Ele não sabe o motivo da visita do Magistrado, mas lembra que ele parecia preocupado ao voltar das minas.
Shinjo Inyou investiga os arquivos da escritório do Magistrado Esmeralda e fica tão concentrado que nem percebe que Kitsu saiu da residência. De acordo com os registros, o Magistrado anterior, Shiba Sinosuke, estava examindo os arquivos comerciais da província pouco antes de viajar para o sul.
Analisando os arquivos, Shinjo descobre sinais de que o fluxo de comércio das minas de ferro da província Ishibei diminuiu, embora os valores pagos tenham aumentado. A diferença não pode ser explicada pelo aumento do preço do minério. Isso intriga o Magistrado.
Quando Kitsu retorna, as informações que ele traz corroboram o que o Magistrado descobriu nos documentos. Ele começa a preparar uma viagem para a província Ishibei, na fronteira com a Muralha.
No dia seguinte, eles investigam as estalagens da região portuária e descobrem onde a mulher se hospedou. Ela partiu duas noites antes, segundo o estalajadeiro. Tudo parece normal, mas há um ar de podridão no local. Examinando o quarto, Hida e Hiruma encontram um coração humano escondido embaixo de uma das tábuas… usado em alguma feitiçaria maho. No resto do quarto estão apenas uma cama e uma tigela cheia de água em um canto. Hida vai procurar o shugenja Kitsu para ajudar a examinar o quarto.
Hiruma é atraído pela tigela. Ao chegar próximo, sente uma mão de água que acaricia seu rosto. Ele congela, sabendo onde já sentiu esse toque antes… sua irmã perdida além da muralha.
Hida volta com o magistrado e Kitsu. O shugenja do leão examina o coração e depois a tigela. Ele sente que um ritual profano foi feito ali. Alguém usou a tigela para espionar outro lugar. A água escurece e um reflexo se descortina. Ele vê o rosto da mulher, a cicatriz que corta sua face e cujo golpe deveria ter arrancado um de seus olhos. Mas não… há um olho ali, o encarando. Vermelho. Os dois olhos, o vermelho e o normal o observam. A mulher sorri em uma cabina de um pequeno barco subindo o rio, em direção às terras dos Hida. A tigela se quebra e o reflexo desaparece.
No próximo Capítulo de Jornada em Rokugan: Viagem para as Montanhas do Crepúsculo.