
Kyuzo segue sua irmã até as profundezas da mina abandonada. Ela tenta convencê-lo a se unir a ela e partirem em liberdade, abandonando aqueles que querem apenas se aproveitar do sangue da família. Ele fica tentado a seguir com ela, talvez porque suas palavras façam algum sentido para ele, talvez porque ele ache que possa salvá-la. Nem mesmo ele sabe direito a razão.
Junto com sua irmã está uma outra voz que soa e cheira como um morto. Alguém trazido das profundezas do Jigoku. Kyuzo não sabe quem é, mas ao contrário dos outros mortos-vivos, esse parece manter pelo menos uma parte de sua consciência. Ele avisa que os outros samurais estão se aproximando. Sua irmã manda ele cuidar desse assunto e chamar também o capataz.
Ela então lhe entrega um embrulho e Kyuzo sente que lá dentro estão seus olhos, que foram arrancados anos atrás nas terras sombrias. Ela o oferece para que ele possa voltar a ver, mas antes exige que Kyuzo faça um sacrifício pelo conhecimento. Assim como ela entregou aquilo que mais amava para conseguir o conhecimento, ele deve deixar algo. Seus companheiros de jornada.

Ele se recusa a entregar os demais, especialmente Shinjo e Nori, que ele conheceu desde sua cerimônia de gempuku. Então sua irmã lhe diz que é uma pena que ele ainda não esteja pronto e some na escuridão.
Kyuzo escuta os passos de uma grande criatura e sente o fedor das terras sombrias. Ela aparentemente também sente o cheiro dele, pois fala “Sinto o cheiro de um Hiruma… Pequeno Hiruma, você não vai negar a Kamatsu uma boa comida… estou cansado de comer essa carne morta sem sabor”.

Kyuzo atrai o oni para as galerias de mineração, próximo de onde os zumbis dos antigos mineradores continuam seu ofício, extraindo o minério de ferro corrompido. E agora sua irmã lhe contou que também em busca dos restos do grande oni que o primeiro Takeuchi matou. Ele pode escutar seus amigos enfrentado os samurais mortos-vivos e sabe que não pode deixar o oni se juntar a eles, mesmo que ele tenha de se sacrificar.
Ele consegue atrair Kamatsu no Oni para que esse acerte as pilastras de madeira que sustentam a galeria de mineração. Mas o oni é rápido e também o acerta. Ele se pergunta se conseguirá enganar a criatura por tempo o suficiente. Adiante, o barulho de combate aumenta.
A Morte de Um Samurai…

Após se reagruparem, os samurais tentam encontrar os rastros da maho tsukai que os atacou. Shinjo consegue achar pegadas no chão da mina que levam ainda mais para as suas profundezas.
Kitsu Shin, o shugenja, está cansado demais para continuar, após ter enfrentado a maho tsukai em um combate espiritual. Ele diz que acabará atrapalhando os demais e se propõe a ficar para trás, esperando pelos demais. Nori manda Shisen fica com ele.
À medida que avançam, eles começam a escutar o barulho de metal na pedra. E então percebem que a força maligna das terras sombrias fez com que os mineradores continuassem seu ofício mesmo depois de mortos.

Apesar disso, eles avançam com cautela, buscando encontrar a bruxa e também Kyuzo, que acreditam estar com ela, pelo que Nori contou. Movendo-se com cuidado, Shika Benkei, encontra alguns dos mineradores mortos-vivos, guardados por um samurai zumbi. Ele fica de guarda, movendo-se para perto do zumbi, sem que seja percebido.
Entretanto, seguindo por um outro corredor, Shinjo Inyou pisa em uma pedra solta e faz um barulho que ecoa no silêncio dos corredores da mina. Hida Nori, imediatamente, se coloca ao lado de Shinjo, sacando sua espada. Mas seu movimento brusco também ressoa pelas pedras.

O barulho atrai o amaldiçoado zumbi que usa a armadura do lorde Takeuchi. Ele tenta acertar Shinjo, mas Nori protege o magistrado. Togashi Zhin avança, usando seu ki para atingir a espada do adversário morto-vivo e quase consegue quebrá-la. O revenant reage, desferindo um potente golpe com a lateral de sua espada e deixando o monge fora de combate.
Na entrada do outro corredor, Shika derruba um dos zumbis com um movimento de sua lança, usando-a então para esmagar o crânio do morto-vivo. Então, ele e o jovem Takeuchi Sigemoto atacam os demais zumbis, tentando abrir caminho em direção ao revenant.
O líder dos mortos-vivos enfrenta o magistrado e Nori. A sua armadura parece aparar a maior parte dos golpes dados pelos samurais. A katana de Hida se quebra. O bushi do Caranguejo então segura o amuleto com os sete pedregulhos que a jovem camponesa da vila lhe deu e, lembrando-se que ela falara sobre as lendas de como o amuleto servia como proteção, o enfia no rosto da forma esquelética, quebrando a máscara da armadura, revelando um rosto semidecomposto. A criatura urra de dor. Shigemoto grita de raiva ao ver o rosto do seu pai e redobra seus ataques.

Sem a proteção da sua armadura, Hida é ferido por um dos golpes de um dos zumbis, que se levanta de súbito após ter sido atingido por uma das flechas de Hiruma Eisho. Hida Nori caí inconsciente. O magistrado, Shika e Takeuchi redobram os ataques contra a criatura. Shika acerta dois potentes golpe com sua lança, mas a armadura Takeuchi resiste e o zumbi parece pouco sentir os golpes dados.
Togashi, que recuou um pouco, tentando recuperar seu fôlego, ouve vozes vindas das profundezas da mina. Uma delas, ele tem certeza, é a de Kyuzo. Ele avança tentando ver o que há do outro lado e vê um oni, que irritado esmurra as paredes e contenções da mina. Togashi grita para avisar os outros de que o perigo maior ainda está ali. O monge não consegue ver Kyuzo, mas escuta o grito do samurai avisando para que fugissem da mina.
Enquanto isso, o revenant se vira contra Shigemoto e o acerta com um golpe de sua espada de obsidiana, erguendo o jovem samurai no ar. Com um gesto, a criatura lança o corpo, mortalmente ferido, daquele que era seu filho no chão. Eles ouvem um estrondo mais ao fundo da mina e Shika, já abalado por seu medo de lugares fechados, se desespera e corre.
Nesse momento, eles escutam um novo estrondo e a mina começa a tremer. A criatura recua para as sombras, fugindo da luz das tochas. Antes dos olhos vermelhos sumirem na escuridão, ela e o magistrado se encaram.
Togashi, ainda se recuperando, tenta pegar Shigemoto, mas percebe que o jovem bushi já está morto. Shinjo pega o corpo para levá-lo de volta à família. Eisho carrega o desacordado Hida.
De volta à Superfície
Eles recuam até o salão onde Kitsu ainda se recupera, guardado pelo cachorro de Kyuzo, Shisen. Os estrondos continuam, indicando que a mina está colapsando. Recolhendo o corpo do yojimbo Hida Ichiro, eles correm de volta para a entrada da mina.
Quando saem, descobrem que o dia já nasceu lá fora. Está nevando. Eles param para recuperar o fôlego. Shisen late em direção ao penhasco e corre. Ele retorna trazendo uma wakizashi. Shinjo a reconhece como a arma pertencente a Hiruma Kyuzo. Ele percebe que este resolveu seguir outro caminho. Togashi, no entanto, diz que irá atrás de Kyuzo.
Os demais pegam os cavalos e voltam pelo vale, em direção à Vila dos Sete Pedregulhos, levando os corpos dos dois samurais mortos.
Togashi Zhin encontra sangue humano em uma pequena chaminé natural que parece levar ao interior da mina. Ele segue os rastros em direção norte. Enquanto isso, o resto do grupo pega seus cavalos e volta pelo vale até parar para descansar na Vila dos Sete Pedregulhos.
Togashi segue o rastro em direção à cidadela abandonada dos mineradores. Próximo à cidadela, ele perde o rastro. O sol começa a se pôr no Vale Amaldiçoado. Na encosta da Montanha, a cidade abandonada parece uma ferida. O olhar do monge é atraído por luzes que brilham nas ruinas. Então o monge escuta passos pesados entre as árvores. Ele mal tem tempo de se esconder. Dois enormes ogres saem da floresta, levando, cada um, uma enorme clava e um cavalo nos ombros. Eles falam em sua língua gutural. Togashi pouco consegue entender da língua sombria por eles falada. Os ogres passam perto do monge e continuam seu caminho, em direção à cidadela abandonada.

A Escolha de Kyuzo
Por um momento pareceu que a mina iria cair em volta de Hiruma Kyuzo, mas ele consegue encontrar o rastro de sua irmã. Segundo por um corredor estreito, ele chega até uma saída no topo da mina. Lá embaixo, ele ainda consegue ouvir a voz dos outros samurais, que conseguiram escapar. Mas o caminho dele é outro. Ele pega sua wakizashi, o símbolo samurai, e a arremessa para baixo, esperando que os outros o encontrem e que Shinjo saiba que ele partiu. Então ele continua no rastro de sua irmã, em direção ao norte.
Kyuzo segue os rastros de sua irmã até próximo da cidade abandonada. Ela parecia se dirigir até lá, mas em uma clareira, os rastros mudam de direção. Na clareira, Kyuzo acha um pequeno embrulho. Um presente. Um de seus olhos. E junto um medalhão em alto-relevo, com o símbolo do mon da família Takeuchi. A trilha de sua irmã continua além da clareira e leva ao norte, em direção às montanhas e de volta às terras dos outros clãs.
Enquanto estuda qual o caminho seguir, Kyuzo percebe que há alguém vindo não muito atrás dele. Ele sabia que não poderia ser Kamato no Oni, pois ele teria percebido a presença do imenso monstro muito antes. Talvez o dono daquela voz gutural que conversou com ele e sua irmã também tivesse escapado do desabamento da mina.
Não disposto a ser surpreendido, o batedor buscou um abrigo nas pedras e ficou na espreita. Logo surgiu uma figura bem humana, que pelo barulho que fazia não estava usando armadura, mas apenas vestes simples, Togashi Zhin. O monge claramente buscava rastros nas pedras e galhos, mostrando ser bem mais versátil do que aparentava.
“Você não deveria ter vindo”, falou Kyuzo, quase sussurando, enquanto revelava sua posição. “O que pensa que esta fazendo aqui, Togashi-sensei?”
“Eu senti o seu Chi Kyuzo-san e pude perceber o distúrbio e a confusão do seu campo energético. Não posso deixar você partir sem ao mesmo ajudar. Precisamos encontrar o caminho da serenidade e da confiança para equilibrar essa confusão e esse sentimento de culpa. Mesmo que não queria me contar o que aflige o seu coração, peço que sente comigo para bebermos um chá e meditarmos, concentrados nesses sentimentos”, disse o monge, demonstrando preocupação com o samurai que havia conhecido na estrada para Sunda Mizu Mura.
“Não tenho tempo para chá e meditação, monge, não agora que ela está tão….”, Kyuzo respira, buscando acalmar os ânimos e reduzir o tom de voz, afinal eles estão longe de um local seguro e Kamato no Oni ainda pode estar próximo. “Você deve voltar, Togashi-sensei. Essa não é uma jornada para você. Para nenhum samurai. Você ainda pode ajudar o Magistrado.”
Dizendo isso, Kyuzo se aproxima de Zhin extendendo sua mão enquanto apresenta um brasão, com a insígnia Takeuchi em alto relevo, oferecendo para que o monge o pegue.
“Do que se trata isso Kyuzo San? Do que se trata essa jornada? Não posso simplesmente aceitar parte da sua demanda meu amigo, sem ao menos saber como posso ajudar o seu espírito a achar o caminho”
“Isso é parte da verdade do que estava acontecendo naquelas minas”, responde o samurai. “Há gerações atrás, o fundador dos Takeuchi e um camponês derrotaram um terrível demônio chamado Sagashi no Oni e o selaram naquelas cavernas. Essa história se perdeu, gerações se passaram, e as pessoas dessas terras começaram a minerar as rochas, enfraquecendo o selo.”
“O metal negro que eles encontraram é o sangue e essência de Sagashi no Oni e se continuassem a escavar, o monstro poderia despertar novamente. Esse era o plano deles, trazer o demônio e sua carnificina de volta.”
“Por isso tive de desmoronar a mina. Por isso você precisa levar isso, esse brasão, de volta ao Magistrado. Talvez ele pertença a Hida Takeuchi, que derrotou o demônio junto com o camponês das sete pedras. Talvez pertença a alguém do castelo que esteja envolvido direta ou indiretamente nessa conspiração. Só sei que essa é uma pista importante. Leve-a para Kitsu Shin ou para alguém confiável em Shiro Takeuchi. Segundo a lenda, a cabeça e os chifres de Sagashi no Oni estão guardados no castelo, enquanto seus demais restos estão nas minas”.
“Volte e ajude o Magistrado. Shinjo Inyou-sama quer o bem destas terras também. E ajude também que o povo destas terras, não se esqueça do mal adormecido nestas montanhas. Você repete várias vezes de uma escola, então ensine-os e não os deixe que esqueçam”, finalizou o samurai, se preparando para partir. Nesse movimento, Kyuzo lança o brasão metálico para o monge.
“Tudo isso faz sentido para mim e irei fazer todo o possível para ajudar na perpetuidade dessa vitória, porém meu caro esse não é o motivo da sua inquietude, essa não é a razão do sombreamento do Chi”, interrompe o monge. “Você não precisa me dizer o que está ocorrendo para tal sentimento aplacar o seu coração, porem digo que nunca houve uma migração de apenas uma carpa, nunca um único homem ganhou uma guerra. Você precisa buscar o equilíbrio dentro de si, antes mesmo de continuar a sua jornada, pois o seu desequilíbrio pode gerar consequências não desejadas para com, o que ou quem, você procura”.
“Você precisa levar isso e essas informações rápido ao Magistrado e eu não posso parar agora. Não posso perdê-la novamente, não depois de tanto tempo procurando por ela, depois de que confirmei que ela estava viva…”. A tristeza e urgência de Kyuzo são notórias em sua voz a medida em que ele vira seu rosto para o norte.
“Por quem o coração de Kyuzo San se consterna?”, mas o monge não iria desistir sem tentar ajudar seu breve companheiro de jornada.
“Minha irmã, Himura Yukino, é a Mahou-Tsukai que perseguimos até aqui”. As palavras vem de forma repentina e bruta, quase como se ele finalmente conseguisse respirar após estar quase se afogando. “Eu não posso mais continuar com meu dever e não posso mais continuar aqui.”
“Adeus, Togashi Zhin-sensei. Por favor, ajude Inyou e Nori. E mande minhas preces a Saiko-dono e Saito-san por Shigemoto. Pesa em minha alma a morte dele, ele realmente era um Caranguejo promissor”, dizendo isso, Kyuzo parte da clareira na floresta, desaparecendo logo ao sair de vista.
“Vá em paz, meu caro”, diz o monge.
Anoitece.
Muito adiante, seguindo as montanhas, Kyuzo segue a trilha de sua irmã. Pudesse ele ver, também veria o brilho das luzes na cidade abaixo. Mas o barulho dos tambores ficou para trás.
Agora Amaterasu sumiu atrás das montanhas. E o Lorde Lua se ergue em seu lugar. O rufar de tambores recebe a aparição de Onnotangu no céu escuro.
Breve: O Rufar dos Tambores de Onnotangu